
Regularização e Certificação em Frigoríficos e Abatedouros
Garantia de Segurança Alimentar e Conformidade com a Legislação
A regularização e certificação de frigoríficos e abatedouros desempenha um papel essencial na garantia de que os produtos de origem animal sejam produzidos com segurança e estejam livres de riscos para a saúde pública. Este processo é fundamental para prevenir doenças transmitidas por alimentos e proteger os consumidores contra fraudes e irregularidades.
Neste artigo, abordaremos detalhadamente os principais aspectos relacionados à certificação e regularização em frigoríficos e abatedouros, explicando suas categorias, responsabilidades, regulamentações e benefícios.
O Que é Certificação e Qual sua Importância?
Conceito de Certificação
O termo “certificação” refere-se à emissão de um documento que atesta a conformidade de um produto, serviço ou processo com normas estabelecidas por órgãos governamentais ou entidades internacionais. Segundo o Google/Oxford (2021), certificação é a “afirmação da certeza ou de verdade, um atestado ou prova de conformidade”.
No caso de frigoríficos, o certificado de qualidade demonstra que a empresa atende às normas legais e sanitárias, assegurando a qualidade e a segurança dos produtos.
Certificado de Qualidade como Diferencial Competitivo
Embora em alguns casos a certificação seja obrigatória, ela também pode servir como um diferencial competitivo, especialmente em mercados internacionais. Cumprir normas como ISO (International Organization for Standardization) ou GlobalG.A.P. agrega valor ao produto, melhorando a imagem da empresa e ampliando suas oportunidades de mercado.
Inspeção de Produtos de Origem Animal: Garantindo a Segurança Alimentar
A inspeção de produtos de origem animal está fundamentada em dois pilares principais: a preservação da saúde pública, por meio da segurança alimentar, e a defesa do consumidor, garantindo produtos íntegros e de qualidade.
Níveis de Inspeção no Brasil
No Brasil, a inspeção ocorre em três níveis, dependendo do alcance comercial dos produtos:
- Federal – Para comercialização interestadual e internacional.
- Estadual – Para produtos vendidos dentro de um único estado.
- Municipal – Para comercialização restrita a um município.
1. Inspeção Federal (SIF)
O Serviço de Inspeção Federal (SIF) é gerenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Este selo é obrigatório para empresas que desejam comercializar produtos de origem animal em território nacional ou exportar para mercados internacionais.
Além da inspeção de rotina, o SIF disponibiliza médicos veterinários que fiscalizam processos como abate e processamento, verificando sua conformidade com a legislação vigente.
2. Inspeção Estadual (SIE)
O Serviço de Inspeção Estadual (SIE) é vinculado às secretarias de agricultura estaduais. Ele permite a comercialização dentro dos limites do estado. Cada estado possui suas próprias normas e regulamentos. No estado de São Paulo, por exemplo, o registro deve ser feito pelo SISP (Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal), administrado pela Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA).
3. Inspeção Municipal (SIM)
O Serviço de Inspeção Municipal (SIM) regula o comércio intermunicipal. A principal limitação deste modelo é o alcance territorial, que restringe o crescimento do mercado. Para comercializar em nível estadual ou nacional, os frigoríficos devem obter equivalência ao Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA).
Regularização e Certificação em Frigoríficos e Abatedouros
Certificações Importantes para Frigoríficos e Abatedouros
Além dos selos de inspeção, diversas certificações específicas agregam valor aos produtos e processos de frigoríficos. Algumas das mais relevantes são:
1. SISBI-POA
O Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA) harmoniza os procedimentos de inspeção para garantir a segurança alimentar. Ele permite que estados e municípios solicitem equivalência ao sistema federal, ampliando a abrangência comercial.
2. Selo ARTE
O Selo ARTE certifica produtos de origem animal elaborados artesanalmente, preservando características regionais ou culturais. Ele permite a comercialização interestadual desses produtos, desde que inspecionados por serviços oficiais.
3. Certificações Internacionais
- Certificação Halal: Garante que os produtos atendem aos requisitos da Lei Islâmica (Shariah), essencial para mercados muçulmanos.
- Certificação Kosher: Atende às leis alimentares judaicas, sendo importante para consumidores judeus ortodoxos.
- Certificação Angus: Valida a qualidade da carne Angus, agregando valor a este segmento específico.
4. Normas Privadas de Certificação
Normas como GLOBALG.A.P., BRC e FSSC 22000 têm foco na segurança e qualidade da cadeia produtiva. Essas certificações são frequentemente exigidas por mercados externos, sendo indispensáveis para exportadores.
A Regularização e os Desafios para Exportação
Para que um frigorífico esteja apto a exportar, ele deve cumprir com exigências rigorosas e obter o Certificado Sanitário Internacional (CSI). Esse documento, emitido pelo SIF ou pelo sistema VIGIAGRO, atesta a conformidade do produto com os regulamentos sanitários e legais exigidos pelo mercado de destino.
O processo de exportação também exige adequação a normas específicas do país importador, o que pode incluir rastreabilidade, certificações adicionais e auditorias regulares.
Exemplos de Certificações Específicas
- SISBOV: Identificação individual de bovinos e búfalos para rastreabilidade.
- GLOBALG.A.P.: Boas práticas agrícolas aplicadas à cadeia de abastecimento de alimentos.
- BRC: Segurança alimentar baseada em requisitos britânicos.
- IFS: Normas internacionais para qualidade e segurança alimentar.
Benefícios da Certificação para Frigoríficos
- Aumento da Confiança do Consumidor: Produtos certificados transmitem maior credibilidade.
- Acesso a Novos Mercados: Certificações como SISBI e Halal abrem portas para exportação.
- Redução de Riscos: Cumprir padrões reduz o risco de contaminação e recalls.
- Valorização da Marca: Certificações são um diferencial no mercado competitivo.
Conclusão
A regularização e certificação de frigoríficos e abatedouros são indispensáveis para a segurança alimentar, proteção do consumidor e competitividade no mercado. Com o aumento das exigências legais e a crescente demanda por alimentos seguros e de qualidade, investir em certificações não é apenas uma necessidade, mas uma oportunidade de destacar-se no mercado.
Empresas que compreendem e atendem às exigências de certificação, sejam elas obrigatórias ou voluntárias, estão melhor posicionadas para crescer e alcançar novos mercados, tanto no Brasil quanto no exterior.
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